por Gilberto Craidy Cury 

Estamos no terceiro milênio e parece que algumas organizações ainda resistem em usar a capacidade de seus funcionários para acompanhar as mudanças que ocorrem numa velocidade cada vez maior, em todos os setores. Fala-se muito em Recursos Humanos, porém entre teoria e prática continua havendo grande distância. RH – recursos humanos – é um campo de atividade tão antigo quanto o próprio homem e seus agrupamentos.

Da Pré-História ao século XVIII, quando ocorreu a Revolução Industrial, o perfil dos Recursos Humanos foi esculpido num campo de atividades econômicas rudimentares, onde as ações administrativas estavam relacionadas com a política, a militar e a religiosa. A Revolução Industrial permitiu que os Recursos Humanos marcassem presença no mundo empresarial. A marca deixada neste tempo todo, e que em muitos lugares persiste até hoje, é a do autoritarismo, com uma minoria pensante e uma maioria executante de um trabalho altamente hierarquizado, burocratizado. Somente no início do século XIX é que começam a surgir na Europa propostas para a democratização e humanização desse totalitarismo organizacional.

Se espremermos todas as técnicas de produção e administração, das antigas às mais modernas, o suco é um só: o ser humano quer ser respeitado, quer agir, palpitar, participar, falar, pensar e emitir suas opiniões. Já se foi a época das relações feudais de trabalho. A confiança habilita, o medo congela. Os sistemas hierárquicos baseados em estruturas de domínio e submissão, limitam as interações sociais e impedem a cooperação humana inteligente. E para que uma organização possa ser inteligente, ela precisa usar a inteligência de seus membros.

É fácil administrar a presença física das pessoas na organização, mas a cabeça e a alma delas já é outra questão. Podemos comprar a presença, a execução e até a eficiência dos funcionários, mas a eficácia, a garra, a vontade, os sentimentos, não estão sob o controle de qualquer diretor, gerente ou chefe.

Lembro-me desde os tempos de estudante de Administração de Empresas da FGV, que se comparava uma empresa ao ser humano, ambos possuem corpo, mente e alma. Na empresa o corpo seria a parte racional, material da organização; a mente trataria das questões filosóficas, traduzindo seus valores e missão ; a alma é o coração, a parte afetiva, do intercâmbio entre as pessoas. Uma empresa não pode ser só corpo, ou corpo e mente, ou só mente, ou só alma. Ela precisa ter corpo, mente e alma em perfeita sintonia.

Charles Chaplin em “Tempos Modernos ” conseguiu tecer uma brilhante crítica ao sistema produtivo que prioriza a máquina em detrimento do homem, considerado uma simples engrenagem do processo industrial. Deveríamos nos lembrar de Chaplin mais amiúde, pois as organizações precisam olhar seus funcionários como capital e não como recurso. Com certeza, quem investir no ser humano, gerando maior envolvimento,diminuirá o desperdício e os custos, aumentando a qualidade, produtividade e competitividade.

Hoje, os recursos humanos, a relação com os empregados, deve ser constantemente repensada, Há que se estimular cada vez mais o desenvolvimento pessoal do empregado, porque o sucesso de uma empresa é determinado principalmente pelo comprometimento de todos os seus integrantes.

Numa época em que só se fala em globalização, a capacidade de sobrevivência de uma empresa é diretamente proporcional a sua capacidade de se transformar e mudar, utilizando da melhor maneira seus recursos humanos, ancorada numa fórmula infalível: respeito.

Sem respeito não há liberdade. Sem liberdade não há criatividade. Sem criatividade não há inovação e sem inovação é a morte. Portanto, aos que precisam e querem sobreviver, mas ainda estão apegados ao passado, é hora de parar para repensar a organização, permitindo e até incentivando seus funcionários a buscar a vida em sua plenitude, porque o sentido do trabalho é o mesmo sentido dado à vida.

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